Proposta à Humanidade

J

á pensaram que existe muita gente, mais preocupada com o que vai acontecer depois da morte do que o que está acontecendo hoje? Já perceberam que tem muita gente mais preocupada com a felicidade na vida eterna do que a felicidade aqui neste mundo? Já analisaram que somos robôs sem sentimento ou pensamento executando tarefas como se fossemos abelhas em uma colmeia?

Imagine-se na reunião de Domingo, em qualquer templo considerado sagrado, todos nós ao invés de pensarmos em louvar entidades imaginárias, nos concentrássemos em descobrir como melhorar a nossa rua, como melhorar nossos relacionamentos, como viver para ter a certeza da felicidade hoje para não ter que esperar pela incerteza de algo depois da vida?

Que tal ao invés de fazer pedidos, se doar para resolver os problemas. Se os impostos de nada adiantam e não resolvem nada, sabemos que poucos trocados fazem muito, pois na Copa do Mundo e nas Olimpíadas as pessoas se reúnem para pintar o chão, para festejar tanto a vitória quanto a derrota.

Sei que minha proposta não é nenhuma novidade, pois tem gente neste momento dando o que  comer a sem-teto, tem pessoas se dedicando a curar pessoas ou tomar conta de idosos e crianças, mesmo sem um tostão no bolso.

Meu apelo não pode ser religioso, pois ao mesmo templo em que existem pessoas religiosas querendo o bem de outro ser humano, também existem os que só querem proteger o próprio bolso, e infelizmente estes são o que mais encontram ovelhas, pois iludir carentes com problemas neste mundo, prometendo um mundo melhor no futuro sem que se mova uma palha para que este mundo mude, é muito mais tentador tanto para um lado quanto para outro, um lado embolsa o dinheiro e produz a felicidade ainda nesta vida e o outro aceita sua desgraça e tenta melhorar sem fazer nada.

Minha proposta, que eu gostaria que fosse nossa proposta, seria a de usar a mesma energia quando a população é acionada em caso de catástrofes, pois sabemos que voluntários aparecem de todos os cantos, nós vivemos uma catástrofe de consciência, não temos falta de respostas, temos inúmeras soluções que estão aí, o que atrapalha é o maldito do dinheiro, mas as pessoas não percebem que nem sempre ele é essencial, muitas das melhores coisas da vida, assim são porque são de graça.

Nesta proposta cabe um pouco de esforço também. Que tal não fazer as coisas nem com o consentimento, nem com o propósito e nem com o objetivo de agradar qualquer Deus? Que tal agradar somente ao próximo? Mesmo que você acredite em Deus, será que este ser bondoso ao qual você acredita, seria oposto a isto? Será que o orgulho deste suposto ser onipotente acharia que sua vaidade é mais importante que a paz e o equilibro de seus supostos filhos?

As religiões não devem fazer parte desta proposta, pois elas se agridem mutuamente, brigam por conceitos, então que nos tornemos ateus por um tempo, não aquele ateu radical que tem ódio da religião e dos religiosos, mas sim o que tem apreço à ciência, que dá valor a soluções pensadas, que sabe que o planejamento, mesmo que não garanta, possibilita melhores resultados.

Ainda não destruímos a fome porque não nos esforçamos o bastante, ainda não acabamos com as injustiças porque estamos preocupados com o próprio umbigo, ainda não aceitamos todas as verdades porque nos convém negar nossa própria culpa pelo mundo não estar como queremos.

Para que a proposta comece a ter validade basta que mudemos de atitude, não custa nada pedir, por favor, nem dizer obrigado, nem elogiar um trabalho, mesmo que sejam só os rabiscos de seu filho de três anos, basta olhar de forma diferente para o desespero de um pedinte, e ao invés de imaginar queimá-los vivos só para satisfazer um egoísmo próprio, talvez pensar em dar ajuda ao invés de não assumir nosso papel como seres humanos e poder deixar uma pequena marca, por menor que seja no futuro incerto de todos nós que estamos neste pequeno planeta.

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Walmir Santos de Almeida

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